Técnica fotográfica: O ISO

Depois de entender a relação diafragma/obturador, é altura de introduzir a terceira variável que influencia a exposição: o ISO.

A wikipedia tem um artigo bastante complexo sobre este assunto que pode e deve ser consultado pelos interessados.

No entanto, acho que é necessário fazer uma abordagem mais simples e directa, que permita aos iniciados entender quais as implicâncias desta terceira variável.


 

Se na fotografia analógica, cada filme tinha um valor de ISO fixo, na fotografia digital este valor pode ser alterado em segundos, de forma a tirar o máximo partido da câmara em todos os momentos.

Resumidamente, o ISO controla a sensibilidade do sensor da câmara à luz. Quanto mais elevado for o valor de ISO, menos luz será necessária para ter uma exposição correcta. Ou seja, vamos precisar de menos tempo de exposição ou de uma abertura de diafragma menor.

Os valores mais comuns de ISO são:

100, 200, 400, 800, 1600, 3200

Sendo que existe uma diferença de 1 f-stop entre cada um deles.

Tal como na abertura do diafragma e no tempo de exposição, algumas máquinas actuais permitem variar o ISO em intervalos de 1/3 de stop, tendo assim a seguinte escala:

50, 64, 80, 100, 125, 160, 200, 250, 320, 400, 500, 640, 800, 1000, 1250, 1600, 2000, 2500, 3200 etc (actualmente é possível atingir valores na ordem dos 102400 e a tendência é para os valores irem aumentando com o passar dos anos e o desenvolvimento da tecnologia)

Uma exposição a ISO 100 com uma abertura de f/5.6 e um tempo de exposição de 1/250 vai corresponder a que exposição a ISO 200?

Fácil, como estamos a aumentar um f-stop no ISO significa que vamos ter o dobro da luz para a mesma abertura de diafragma e o mesmo tempo de exposição. Então só temos de diminuir a abertura do diafragma ou o tempo de exposição em 1 f-stop.

Ou seja, para ISO 200 teríamos: f/8 e 1/250 ou f/5.6 e 1/500

Para ISO 400, seria necessário: f/11 e 1/250 ou f/5.6 e 1/1000

Para valores intermédios com diferenças de 1/3 ou 2/3 de f-stop em vez de 1 f-stop, teríamos de variar o diafragma ou o tempo de exposição também em 1/3 ou 2/3 de f-stop.

Para ISO 125: f/6.3 e 1/250 ou f/5.6 e 1/320

Para ISO 640: f/14 e 1/250 ou f/5.6 e 1/1600

Para os que gostam de complicar e se estão a perguntar se, com uma diferença de 1 f-stop no ISO (ISO 400 para ISO 800, por exemplo), também podemos compensar 1/3 no tempo de exposição e os restantes 2/3 na abertura do diafragma ou vice-versa... sim, também é perfeitamente possível. É uma questão de saber jogar com as três variáveis da melhor forma para determinada situação.

Experimentem nas vossas câmaras e comprovem vocês mesmos.

A utilização de ISOs elevados faz todo o sentido em situações de pouca luz onde não queremos ou não podemos utilizar flash. Ao aumentar a sensibilidade do sensor da câmara, podemos obter tempos de exposição que nos permitam evitar imagens tremidas (este aspecto está relacionado com a captação de "movimento" na fotografia, que será abordado nos próximos dias). Claro que tudo isto tem um preço; ou melhor ainda, tem dois:

1 - Ruído: Quanto mais elevado for o valor de ISO, mais ruído vão ter as fotografias. Isto é especialmente notório nas máquinas fotográficas compactas, por terem um sensor pequeno. Nas dSLR, com sensores maiores, o controlo do ruído em ISOs altos é muito melhor e tem vindo a ser melhorado pelas marcas nos últimos anos. Ainda assim, deve utilizar-se sempre o valor menor possível, de forma a ter menor quantidade de ruído.

2 - Gama dinâmica: Este é um aspecto pouco falado; a maioria das pessoas associa - e bem - o ISO elevado ao aparecimento de ruído nas fotografias, mas raramente se refere a influência na gama dinâmica do sensor. Utilizar um ISO elevado vai reduzir a gama dinâmica do sensor da câmara, ou seja, o sensor vai perder capacidade de registar detalhes nas altas luzes e nas sombras.

Percebidas as três variáveis que influenciam a exposição de uma fotografia, é tempo de experimentar. Força no obturador.